Conhecer Bananeiras, no Brejo Paraibano, a 136 km de João Pessoa, 70 km de Campina Grande e 147 de Natal, é misturar história, lendas, fatos e tradições. A própria história do município dá exemplo disso. Coriolano de Medeiros diz que a colonização de Bananeiras teve inicio na segunda ou terceira década do Século XVII. Entre seus pioneiros-desbravadores, o historiador cita Zacarias de Melo e Domingos Vieira, procedentes da Vila de Monte-mor (a Mamanguape e atual).
Eles obtiveram sesmarias na região em 1716, escolhendo glebas nas proximidades de uma lagoa, que corria no fundo de um vale. Ali, existiam muitas pacoveiras, uma bananeira rústica, que produzia frutos inadequados para o consumo humano. Daí surgiu o nome Bananeiras, que passou a denominar o município. Esta é a versão histórica, até hoje aceita pelos estudiosos.
Curiosidades e atrações – Bananeiras foi o maior produtor de café da Paraíba e o segundo do Nordeste. Em 1852, o café de Bananeiras rivalizava em qualidade e aceitação com o de São Paulo. Aqui, produzia-se um milhão de sacas ao ano. O transporte era precário, para fazer o produto chegar aos principais centros consumidores. O trem só chegaria 72 anos depois.
As edificações do Período colonial (séc.18), neoclássico, ecléticos, art-decô e protomodernistas, que ainda existem na cidade, são os resultados da opulência vivida pela aristocracia rural. O dinheiro do café permitia a construção de palacetes, com ladrilhos importados. O fausto do café acabou em 1923, com a praga Cerococus paraibensis que contaminou as plantações. A cana-de-açúcar, o fumo, o arroz e, posteriormente, o sisal, passaram a figurar como produtos estratégicos da economia regional.
O patrimônio arquitetônico (casario) do Município é muito rico (mais de 80 edificações catalogadas pelo IPHAEP), sendo que a grande maioria desse patrimônio encontra-se em bom estado de conservação e em 2010 a cidade foi tombada como PATRIMÔNIO HISTÓRICO DO ESTADO DA PARAIBA, pelo IPHAEP.
Correios e Telégrafos – É um a construção de 1835. Tem 170 anos de existência. Foi um dos primeiros estabelecimentos do Nordeste a empregar o serviço do “escravo carteiro”. Assim era chamado o negro cativo encarregado de conduzir os malotes postais para diversos lugares.
Igreja de Nossa Senhora do Livramento – Sua construção durou em torno de 20 anos. Foi concluída em 1 de janeiro de 1861. O padre José Antônio Maria Ibiapina incentivou a sua construção, com apoio do Monsenhor Hermenegildo Herculano. A antiga capela de taipa havia desmoronado. Bananeiras não tinha mais que mil habitantes. Em 1919, foi calçada a primeira rua, com pedras irregulares, também chamadas “pé de moleque” ou “imperiais”.
Colégio das Dorotéias (Carmelo) – Foi construído em 1917. Mantém as linhas arquitetônicas originais. Educou “a elite feminina” de boa parte da Paraíba e do Nordeste, até os meados da década de 1960, quando ainda funcionava como internato. Hoje é da diocese e alugada para um Cursinho Pré Vestibular.
O Trem – Chegou a Bananeiras em 22 de setembro de 1922, após a construção do túnel da serra da viração. Foi no Governo de Solon de Lucena, um ilustre filho da terra, na época governador da Paraíba. Este homem dizia que “o trem chegaria a Bananeiras nem que fosse por baixo da terra”. Profecia? Quase. A tecnologia anglo-brasileira teve de perfurar um túnel de 202m, na pedra maciça, para que o trem atingisse Bananeiras, após passar pela vila de Camucá (a atual Borborema).
Anglo-francês – A antiga estação de trens foi transformada no Hotel Pousada da Estação. Não houve modificação arquitetônica externa. O prédio foi construído pela Great Western of Brazil. O telhado da plataforma guarda o estilo arquitetônico anglo-francês, por se apoiar sobre vigas de ferro comumente chamadas “mãos francesas”. Mesmo sendo inglesa, a Great Western of Brazil empregava operários franceses. O conjunto Arquitetônico da Antiga Estação também tombado pelo IPHAEP – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba e hoje abriga uma pousada, restaurante e o Museu da Cidade.
O Túnel do Trem – Construído em 1922 permitiu que a estrada de ferro chegasse a Bananeiras. Antes, o trem só ia até a Vila de Camucá (Borborema), a 12 Km de distância. Durante o São João, o Túnel é transformado em Salão de Forró e é um dos pontos turísticos mais visitados da cidade.
O Cruzeiro de Roma – Surgiu em 1899, construído em homenagem a Sagrada Família, por um proprietário rural, que, após ter alcançado uma graça, como pagamento de uma promessa, e, depois do consentimento do Papa em Roma, na passagem do Século XIX para o Século XX. A capelinha e a construção anexas têm 106 anos de existência e situam-se a 507m de altura, no topo de um chapadão intermediário da Cordilheira da Borborema. Ocupa o epicentro das caminhadas dos peregrinos em demanda do roteiro “Nos Passos de Pe. Ibiapina”. No topo do cruzeiro é possível avistar 05 municípios da Paraíba, além da Estatua de Frei Damião em Guarabira.
Cachoeira e APA do Roncador – É um lençol d’água que desaba de uma altura de 45m, graças a uma depressão formada no curso médio (com mais de 10 pequenas quedas d’água nas pedras) do riacho Bananeiras que nasce na mata da UFPB de Bananeiras. A flora nativa em redor da cachoeira mostra uma natureza exuberante, onde permanecem angelins, sucupiras, pau d’arcos, sapucaias e pirauás.
O local é adequado para caminhadas ecológicas e a prática de camping selvagem. Tem um restaurante de comida regional bem próximo ao local, exatamente onde fica o estacionamento que dá acesso a Cachoeira. Fica situada exatamente no limite dos Municípios de Bananeiras e Borborema, no Sítio Angelim.
O significado das toponímias – Conhecer Bananeiras significa viajar através do tempo. A menção de toponímias de origem indígena desperta a atenção do visitante, que sempre procura indagar o que significam.
Bananeiras era território dos índios Janduhys, uma feroz tribo da nação Cariri, parente de sangue e língua dos Sucurús. Horácio de Almeida, Von Martius e Irineu Jofilly, explicam porque, em domínio Cariri, prevalecem às toponímias de origem tupi.
Goiamunduba – É o nome de um antigo engenho do município e de um rio tributário do Mamanguape, que corta a zona rural de Bananeiras. Significa “abundância de goiabas”. É um etmo tupi. Deriva de “acoyá” ou “acoyaba”. Armando Cardoso acredita que seja termo Aruaca, de onde procede “guiava”, daí goiaba, quando traduzido para o português. A maioria dos historiadores trabalha com a versão tupi. Hoje é uma ARIE (área de relevante interesse ecológico), lá o visitante pode fazer uma bela trilha na mata onde além da rica fauna e flora temos nascentes de água mineral.
Cupaóba – Bananeiras é cortada pela serra que leva este nome. Era a antiga toponímia do atual município de Serra da Raiz. Coriolano de Medeiros traduz Cupaóba como termo tupi, que significa “aquele que se alonga”. Outros traduzem o nome como “serra que não tem fim”. Horácio de Almeida diz que é altercação de Copaóba, árvore ainda existente na região, de onde se extrai um óleo balsâmico, ao qual se atribui propriedades terapêuticas milagrosas.
Borborema – Denomina a serra que nasce no Rio Grande do Norte e acaba em Pernambuco, após atravessar a Paraíba, no sentido Norte-Sul. Deriva do tupi “por-por-eyma, igual a“terra sem gente”, “desocupada”.
Economia, Ciência e Tecnologia – A economia do município de Bananeiras é focada na agricultura e na pequena pecuária. Nos dias atuais, Bananeiras vêm revelando sua vocação para o turismo. Nos limites da área urbana situam-se o Campus III da Universidade Federal da Paraíba e o Centro de formação de Tecnólogos. Neste complexo universitário se destacam entre outros, os cursos de Agro Indústria, Pedagogia, História Engenharia de Alimentos e de Ciências Agrárias.
Artesanato – O município é rico nesta área. Artesãos locais são peritos na manipulação da madeira, bambu, cabaças e derivados da Bananeira, a exemplo de Pedro e Santo Herculano. Antonio Fernandes é o mágico construtor de rabecas, guitarras e violões. Professoras de artesanato do CEFT, Diva e Rejane, trabalham magistralmente com a confecção de bonecas de pano, além da palha da bananeira; na produção de bolsas, escarcelas, pastas, caixas, santos, bonecos, cadernetas para anotações e bandejas, que são vendidas também no Sudeste do Brasil e no exterior. Os doces caseiros (de frutas variadas) são famosos na região, principalmente a PETECA DE BANANEIRAS e o BANANAGRA, assim como o crochê, fuxico e bordados. O artesanato feito com cabaças tem sido um dos mais procurados pelos turistas. Também existe o artesanato do papel da Bananeira no Distrito de Vila Maia e o tear manual no Distrito do Tabuleiro.
Preservação ambiental – Na zona rural, a dez minutos de carro da cidade, existem três florestas que formam a ARIE – Área de Relevante Interesse Ecológico de Goiamunduba. São os 100 hectares de matas nativas do Cumbre, da Bica e Boqueirão, onde existem árvores que já foram extintas em outros redutos da Mata Atlântica. Aqui, são comuns os “olhos d’água” perenes, de boa potabilidade e até mineral. No centro da Mata da Bica é formada a “Lagoa do Encanto” que nasce na “Fonte da Juventude”.